A pandemia da COVID-19 completou um ano diante de um cenário marcado por importantes avanços na ciência e nas soluções inovadoras da medicina diagnóstica. No entanto, por ser uma doença recém-descoberta, é inevitável que algumas incertezas ainda pairem no ar. Entre elas, os impactos em longo prazo dos casos de reinfecção por COVID-19. Embora raros, os casos têm aparecido em todo o mundo, deixando pesquisadores, profissionais de saúde e toda a população em alerta. Mas até agora o que se sabe sobre a reinfecção? Quais são seus impactos durante a segunda onda da doença?
O primeiro caso de reinfecção humana por SARS-CoV-2 foi registrado em agosto de 2020 em Hong Kong e identificado por meio do sequenciamento genético de duas amostras coletadas de um mesmo paciente em um intervalo de 142 dias. As duas amostras apresentaram genoma viral de linhagens diferentes, comprovando a hipótese de reinfecção.
Em 10 de dezembro de 2020, o Ministério da Saúde e o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) confirmaram o primeiro caso de reinfecção por COVID-19 no Brasil: uma médica do Rio Grande do Norte. Já em janeiro deste ano, a Fiocruz detectou, a partir de um sequenciamento genômico, um caso de reinfecção da variante amazônica. Até agora, de acordo com o mais recente Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde, publicado em março deste ano, o Brasil registrou seis casos de reinfeção.
A reinfecção acontece quando um paciente curado volta a adoecer um tempo depois – cerca de 90 dias. O vírus causador da reinfecção pode ser tanto de uma cepa (linhagem) diferente da primeira, quanto de uma mesma após o fim da imunidade. No entanto, às vezes acontece de pessoas se contaminarem novamente em um período inferior a 90 dias. Nestes casos, trata-se de reativação do SARS-CoV-2. Mas qual é a diferença?
Reinfecção por COVID-19 x Reativação
De acordo com um artigo publicado em dezembro de 2020 pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas¹, uma das explicações para a possibilidade de recidiva ou reativação viral está no fato de o SARS-CoV-2 utilizar endossomos (compartimentos membranosos) como via de transporte celular, com liberação de exossomos e vesículas extracelulares carregados de vírus. Isso pode explicar o reaparecimento de RNA viral mesmo após os 14 dias da alta hospitalar de pacientes recuperados da COVID-19.
Ainda segundo o documento¹, outro motivador para a reativação viral seria uma resposta imunológica retardada do hospedeiro, ou seja, uma “queda da imunidade” do paciente. O artigo destaca que há evidências de que a reinfecção se dá a partir de uma linhagem de SARS-CoV-2 geneticamente distinta daquela que causou a primeira infecção. Estima-se que o intervalo médio entre uma infecção e uma reativação é de 80 dias.
A reinfecção por COVID-19 se manifesta de forma mais severa?
Segundo artigo do British Medical Journal (BMJ)² houve no mundo, até o momento, apenas dois casos fatais de pacientes reinfectados, mas as reinfecções de SARS-CoV-2 relatadas foram mais leves do que os primeiros encontros com o vírus devido a um certo grau de memória imunológica e mediação de células T. No entanto, o mesmo artigo destaca que pacientes que apresentaram sintomas leves em uma primeira infecção têm probabilidade maior de reinfecção por não terem desenvolvido uma resposta imunológica satisfatória. Tal situação também vale para aqueles que são imunossuprimidos – ou seja, pessoas cujo sistema imunológico foi afetado por patologias – e que provavelmente também não conseguiram uma resposta imunológica satisfatória à primeira infecção.
Segunda onda no Brasil e no mundo
Ao longo de 2020, vários países viram seus números de casos de infecção aumentarem novamente após um período de estabilidade. No fim do ano passado, a segunda onda da pandemia fez com que países da Europa voltassem a endurecer medidas de restrições e flexibilizações para evitarem esgotamento dos leitos hospitalares e de recursos médicos. Com a adesão de governos, população e avanço da vacinação no mundo, os números de casos de COVID-19 em alguns países vêm diminuindo gradativamente. Em outros, o pico ainda está por vir.
A segunda onda veio ainda com novas variantes do vírus. O paper do British Medical Journal² destaca que a variante B.117 do SARS-CoV-2, identificada pela primeira vez no Reino Unido no final do ano passado, demonstrou ser mais transmissível do que as variantes anteriores. Além disso, a relação entre reinfecção e a nova variante ainda é uma incógnita. No artigo, Paul Hunter, professor de medicina na Universidade de East Anglia, um dos pesquisadores entrevistados, presume que as reinfecções serão mais prováveis com a nova cepa devido a um aumento absoluto no número de infecções em geral, mas espera que sejam menos prováveis e virulentas do que as primeiras infecções.
No entanto, a variante que surgiu em Manaus (AM) não se aplica à essa análise. De acordo com um pré-estudo canadense citado pelo BMJ², a variante brasileira foge da resposta imunológica desencadeada por variantes anteriores, e, por isso, a reinfecção é possível. “Quando há uma mudança genética no vírus, pode acontecer do sistema imunológico não o reconhecer mais e, por isso, não conseguir montar uma resposta protetora” [tradução livre], explica Ashleigh Tuite, professora assistente da Escola de Saúde Pública da Universidade de Toronto, também entrevistada pelo paper do BMJ.
A mensagem que fica é simples: enquanto não houver imunização satisfatória de toda a população, distanciamento social, uso de máscaras e testagens constantes ainda farão parte do nosso dia a dia.
Como fica a eficácia da vacina?
As vacinas disponíveis para a população até agora se mostraram resistentes às novas variantes. Segundo um estudo publicado³ no The New England Journal of Medicine, as respostas imunes desencadeadas pela vacina são mais consistentes e podem até ser mais poderosas do que aquelas desencadeadas naturalmente de acordo com alguns estudos. Além disso, os imunizantes aprovados e aplicados na população não parecem tornar as pessoas mais propensas a reinfecção.
As vacinas desenvolvidas contra a COVID-19 se mostraram completamente eficazes contra casos fatais e graves da doença. Mas, no estágio atual, ainda não são capazes de imunizar por completo, e uma parcela de pessoas vacinadas pode ser infectada pelo coronavírus e desenvolver um quadro leve. As vacinas estimulam o organismo a produzir anticorpos contra o coronavírus e esses anticorpos podem, sim, ser identificados por alguns testes disponíveis no mercado.
Segundo médicos especialistas, a realização de testes é indicada para verificar a resposta imunológica da vacina. É importante destacar que o fato de um teste não identificar anticorpos para COVID-19 não significa que o paciente não esteja imunizado.
Soluções Celer para COVID-19
A Celer Biotecnologia oferece três soluções em testes para COVID-19: o de anticorpos (One Step COVID-2019 Test), o RT-PCR (Celer Sansure Kit de Detecção por PCR em Tempo Real para SARS-CoV-2) e o de antígeno (Celer Wondfo SARS-CoV-2 Ag Rapid Test).
O One Step COVID-2019 Test é um teste rápido, realizado por meio da metodologia point of care (POC), que detecta os anticorpos totais, ou seja, IgM e IgG e deve ser usado como uma ferramenta de monitoramento no diagnóstico da doença. Além disso, entre as opções da Celer, é o teste ideal para detecção de anticorpos após a vacinação, já que identifica a proteína S, presente nas vacinas disponibilizadas hoje no Brasil.
Já o Celer Sansure Kit de Detecção por PCR é desenvolvido com base em técnicas de biologia molecular e é considerado o teste padrão ouro no diagnóstico da COVID-19 durante a fase ativa da doença. A coleta é feita via swab de nasofaringe e o resultado pode sair em cerca de 15 minutos, se realizado no iPonatic. Para isso, identifica segmentos do vírus com base em seu material genético. As novas variantes do coronavírus continuam sendo detectáveis pelo teste.
A terceira opção de exame Celer é o Wondfo SARS-CoV-2 Ag Rapid Test, que detecta uma partícula ou molécula capaz de deflagrar a produção de anticorpos específicos. Ou seja, o exame identifica se o paciente apresenta a infecção viral ativa. O teste é indicado em locais com recursos limitados de RT-PCR, ajudando a mapear casos suspeitos de COVID-19.
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Referências:
¹ANGHEBEM, M. I. COVID-19: reinfecção ou a reativação do SARS-CoV-2? Disponível em: < https://www.sbac.org.br/blog/2020/12/14/covid-19-reinfeccao-ou-a-reativacao-do-sars-cov-2-por-mauren-isfer-anghebem/>. Acesso em 26 mar. 2021.
²STOKEL-WALKER, C. What we know about covid-19 reinfection so far. Disponível em: <https://www.bmj.com/content/372/bmj.n99>. Acesso em 28 mar. 2021.
³WIDGE, A. et al. Durability of Responses after SARS-CoV-2 mRNA-1273 Vaccination. Disponível em: <https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMc2032195>. Acesso em 28 mar. 2021.