Ao longo do último um ano e meio de pandemia de COVID-19, ciência e tecnologia correram juntas contra o tempo para desenvolverem soluções a fim conter o avanço da doença. Além dos imunizantes, que em médio e longo prazos pretendem devolver a normalidade para toda a população, as diversas opções de testagens de COVID-19 – testes moleculares, sorológicos e testes rápidos – tiveram papéis fundamentais no diagnóstico da doença e rastreamento do vírus. Atualmente, tem ganhado muita relevância no mercado um teste que detecta anticorpos anti-RBD, relacionados a neutralização viral. Os testes RBD têm sido considerados importante ferramenta aliada às estratégias de vacinação, já que é capaz de auxiliar no monitoramento da imunidade gerada pelo novo coronavírus e a eficácia terapêutica da vacina.
Os anticorpos neutralizantes têm esse nome, pois são capazes de inibirem a interação entre o agente patogênico à célula hospedeira¹. No caso específico do coronavírus SARS-CoV-2, essa interação se dá na proteína Spike (S), que é formada pelas subunidades S1 (que se liga à receptores de membrana na superfície da célula hospedeira) e S2 (responsável por levar o vírus às membranas celulares). É na subunidade S1 que a proteína S se liga à outra proteína, a ACE-2, levando à endocitose e, consequentemente, à replicação do coronavírus. Chamamos de “domínio de ligação ao receptor” (do inglês, receptor-binding domain, RBD) a região onde ocorre essa ligação proteica. Os anticorpos, portanto, agem inibindo a ligação entre o RBD da proteína S e o ACE-2, impedindo, assim, a entrada do vírus à célula¹.
Como funcionam os testes RBD?
Os testes rápidos que monitoram a imunidade gerada pelo novo coronavírus são realizados a partir de uma pequena amostra de sangue e, para que possa ser realizado, o paciente precisa esperar alguns dias após a fase aguda da doença.
De acordo com orientações de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)², depois de, aproximadamente, 11 dias de sintomas, os anticorpos associados à fase de recuperação da doença (IgG) começam a ser identificados no soro e permanecem por um período maior no organismo. É importante ressaltar que esse processo indica um desenvolvimento de imunidade, mas não garante a proteção.
Em quais ocasiões este teste é indicado?
Muitos pacientes se apresentam assintomáticos ou com sintomas leves após contato com uma pessoa infectada. Há, ainda, aqueles que só descobrem que estiveram próximo de alguém doente muitos dias depois, quando outros tipos de testes, como o PCR, já se tornaram ineficazes. Nestes casos, o ideal é que seja realizado o teste de anticorpos anti-RBD.
Engana-se quem acredita que esse exame tem como única função sanar a curiosidade. Este tipo de testagem também é fonte de informação para as autoridades em saúde pública sobre o número de pessoas infectadas em uma determinada região ou comunidade.
Além disso, quem estiver com o exame de anticorpos positivo é um potencial voluntário para doar seu plasma para tratamentos de terapia com plasma convalescente, que tem sido utilizada para ajudar na recuperação de pacientes graves com COVID-19³.
O teste anti-RBD como aliado à vacina
Neste momento, em que a vacinação avança em todo mundo, os testes anti-RBD se destacam como ferramentas importantes nas estratégias de imunização global. Como explicam os pesquisadores da USP³, a ciência segue vigilante para a possibilidade de as novas variantes do vírus escaparem da resposta imunológica das vacinas. É neste contexto que as testagens de anticorpos entram em cena: são eles os responsáveis para averiguar e garantir a eficácia dos imunizantes disponíveis para a população diante a tantas mutações e variantes pelas quais os vírus passam.
No entanto, é importante ressaltar algumas peculiaridades dos imunizantes aprovados até então pela Anvisa. Algumas vacinas são baseadas na proteína Spike (S) e induzem altos níveis de anticorpos neutralizantes contra ela. Outras, no entanto, utilizam o vírus inteiro, induzindo resposta imunológica contra outras proteínas do vírus. Por enquanto, ainda não há com o que se preocupar: segundo os pesquisadores da USP⁴, as vacinas aplicadas no país têm respondido bem às últimas variantes.
Imunidade não é motivo para relaxar
Estar vacinado e/ou ter histórico de contato com o vírus não são motivos para deixar os cuidados de lado. Enquanto houver pandemia, é preciso seguir os protocolos de segurança estipulados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde. As pesquisas indicam que os vacinados ainda podem transmitir o vírus da COVID-19 caso sejam eventualmente infectados, portanto, o isolamento social e o uso de máscaras adequadas em locais públicos devem continuar fazendo parte da nossa rotina.
Finecare: analisador da Celer
A Celer Biotecnologia possui em seu portfólio os mais inovadores equipamentos e soluções para o setor de diagnóstico clínico. O Finecare é um equipamento point of care capaz de realizar dezenas de testes rápidos diferentes e de forma simultânea por meio da metodologia de imunofluorescência. O equipamento é capaz de auxiliar na detecção de COVID-19, testes de anticorpos IgG/IgM, anti-RBD e pesquisa de antígenos, por exemplo. Para saber mais, acesse o nosso site ou entre em contato com a nossa equipe.
⁴ BARGIERI, D.Y.; BOSCARDIN, S. B. Sobre anticorpos neutralizantes e a CoronaVac. Disponível em: <https://jornal.usp.br/artigos/sobre-anticorpos-neutralizantes-e-a-coronavac> . Acesso em: 9 mai. 2021.
² MALAVÉ, M.M. Testes para a Covid-19: como são e quando devem ser feitos. Disponível em: <http://www.iff.fiocruz.br/index.php/8-noticias/685-covid-19-testes#:~:text=Ap%C3%B3s%2011%20dias%20de%20sintomas,mas%20n%C3%A3o%20garantem%20a%20prote%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 9 mai. 2021.
¹ MORALES, P. S. Anticorpos neutralizantes no SARS-CoV-2. Disponível em: <https://pebmed.com.br/anticorpos-neutralizantes-na-covid-19/>. Acesso em: 7 mai. 2021.
³ UNICAMP. O que é plasma convalescente? Disponível em: https://www.hemocentro.unicamp.br/doacao-de-plasma/o-que-e-plasma-convalescente/. Acesso em: Acesso em: 10 mai. 2021.