9 de maio de 2025

Marcadores inflamatórios em cães e gatos: o potencial do PCR quantitativo no diagnóstico precoce

Os avanços na medicina veterinária têm proporcionado novas formas de diagnóstico que aliam agilidade, precisão e eficiência clínica. Nesse cenário, o uso de biomarcadores inflamatórios […]

Marcadores inflamatórios em cães e gatos

Os avanços na medicina veterinária têm proporcionado novas formas de diagnóstico que aliam agilidade, precisão e eficiência clínica. Nesse cenário, o uso de biomarcadores inflamatórios tem ganhado destaque, especialmente com a incorporação do PCR quantitativo (proteína C reativa) como ferramenta estratégica no diagnóstico precoce de inflamações em cães e gatos. Trata-se de uma abordagem moderna que reforça a importância do monitoramento fisiopatológico antes da manifestação clínica evidente. 

O PCR quantitativo se apresenta como um método valioso para profissionais que buscam maior assertividade diagnóstica e intervenções precoces em uma ampla variedade de quadros clínicos, de origem infecciosa, inflamatória ou imunomediada. Este artigo aborda os principais fundamentos e aplicações do PCR quantitativo no contexto veterinário, com ênfase em sua contribuição para o diagnóstico rápido e diferenciado no ponto de atendimento. 

A relevância dos marcadores inflamatórios em pequenos animais 

A inflamação é uma resposta biológica complexa a estímulos nocivos, podendo ser aguda ou crônica. Embora existam sinais clínicos clássicos — como dor, calor, rubor e edema —, nem sempre essas manifestações são perceptíveis em sua fase inicial. Em animais domésticos, isso se torna ainda mais desafiador, dada a dificuldade de comunicação direta e a natureza muitas vezes subclínica de diversas doenças. 

Marcadores inflamatórios oferecem uma alternativa objetiva e mensurável para avaliar processos inflamatórios e infecciosos. Eles indicam a presença e a intensidade da inflamação, permitindo ao clínico tomar decisões embasadas e acompanhar a resposta terapêutica com maior controle. 

Entre os biomarcadores disponíveis, a proteína C reativa é amplamente validada em cães. Nos gatos, embora seu comportamento seja mais variável, estudos recentes demonstram potencial relevante quando associada a exames complementares e ao contexto clínico. 

Características do PCR quantitativo 

A proteína C reativa é uma glicoproteína sintetizada pelo fígado em resposta à interleucina-6 e outras citocinas inflamatórias. Seu nível sérico pode aumentar centenas de vezes em poucas horas após o início de um processo inflamatório sistêmico. Isso a torna um marcador extremamente sensível, com rápida cinética de elevação e queda conforme a evolução do quadro clínico. 

A forma quantitativa do teste permite a medição exata da concentração plasmática de PCR, fornecendo informações mais detalhadas que o exame qualitativo, que apenas confirma sua presença ou ausência. O PCR quantitativo é capaz de distinguir entre inflamações leves, moderadas ou intensas, além de monitorar a resolução do processo inflamatório com maior fidelidade. 

Trata-se de um método que pode ser realizado por imunofluorescência em equipamentos compactos no próprio ambiente clínico, sem necessidade de estrutura laboratorial centralizada. Esse formato é conhecido como POCT (Point of Care Testing), cuja principal proposta é entregar diagnósticos rápidos com alta acurácia junto ao local de atendimento. 

Fundamentos bioquímicos da PCR e sua resposta inflamatória 

A proteína C reativa é uma pentraxina de fase aguda sintetizada predominantemente pelos hepatócitos em resposta à liberação de citocinas inflamatórias, como interleucina-6 (IL-6), interleucina-1β (IL-1β) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α). Seu papel fisiológico é facilitar a fagocitose de patógenos e células apoptóticas, promovendo a ativação do sistema complemento e contribuindo para o controle da infecção ou lesão tecidual. 

Nos cães, os níveis de PCR podem aumentar mais de 100 vezes em poucas horas após o estímulo inicial. Essa cinética rápida a torna superior a parâmetros hematológicos convencionais, como leucograma ou VHS (velocidade de hemossedimentação), que demoram mais para refletir alterações inflamatórias significativas. 

Outro ponto crucial é a sua meia-vida curta, cerca de 19 horas, o que permite uma queda rápida após a resolução da inflamação. Isso dá ao clínico uma ferramenta dinâmica e confiável para avaliar a eficácia do tratamento. 

Nos gatos, embora a expressão da PCR seja mais discreta e intermitente, avanços na metodologia de mensuração vêm permitindo um uso mais assertivo, especialmente quando combinado com outros marcadores ou achados clínico-laboratoriais. 

Comparativo entre PCR e outros marcadores inflamatórios 

Além da PCR, outros marcadores de fase aguda vêm sendo utilizados em medicina veterinária, cada um com suas vantagens e limitações: 

Marcador  Espécies principais  Características principais  Limitações 
Proteína C Reativa  Cão e, com limitações, gato  Alta sensibilidade, rápida resposta e fácil quantificação  Expressão variável em gatos 
Haptoglobina  Cão e gato  Útil para inflamação crônica e hemólise  Resposta mais lenta, menos sensível a inflamação aguda 
SAA (Serum Amyloid A)  Gato (com destaque), cão  Mais confiável em felinos que a PCR, altamente sensível  Menos difundido em clínicas, exige equipamentos específicos 
Fibrinogênio  Cão e gato  Indicado para processos inflamatórios crônicos  Baixa especificidade e resposta tardia 

A combinação de PCR com outros exames, como proteína total, albumina, exames de imagem e testes específicos, potencializa o diagnóstico diferencial e a tomada de decisões mais precisas. 

O papel do PCR quantitativo no atendimento em áreas remotas 

Em regiões com acesso limitado à estrutura laboratorial, o uso de testes POCT (Point of Care Testing) é essencial para garantir diagnósticos eficazes e intervenções em tempo hábil. O PCR quantitativo permite que clínicas móveis, unidades públicas veterinárias ou ONGs atuem com maior capacidade diagnóstica, mesmo em locais sem infraestrutura convencional. 

Equipamentos como o Finecare Vet, pela sua portabilidade e robustez, são ideais para esse tipo de operação. Além disso, a possibilidade de armazenamento digital dos resultados favorece o seguimento clínico e o histórico individual dos pacientes. 

Esse cenário também abre oportunidade para distribuidores oferecerem kits e equipamentos com foco em mercados menos explorados, como cidades pequenas, regiões de fronteira, zonas rurais e programas públicos de saúde animal. 

Capacitação profissional e valor agregado 

Outro benefício estratégico da adoção do PCR quantitativo é o fortalecimento técnico da equipe veterinária. Ao introduzir protocolos de biomarcadores, a clínica ou hospital fortalece sua imagem científica e eleva a percepção de valor do serviço prestado. 

Capacitações sobre interpretação dos níveis de PCR, correlação com outras variáveis clínicas e utilização no manejo terapêutico agregam conhecimento à equipe e permitem maior integração multidisciplinar. 

Para distribuidores, oferecer suporte técnico e treinamentos sobre o uso clínico do PCR se torna um diferencial competitivo, contribuindo para a fidelização dos clientes e aumento do ticket médio. 

 Aplicações clínicas na rotina veterinária 

O PCR quantitativo apresenta aplicabilidade em diversas condições clínicas relevantes na medicina de cães e gatos. Sua sensibilidade permite o rastreamento de inflamações em fase precoce, muitas vezes antes da alteração de parâmetros tradicionais como leucograma ou temperatura corporal. 

Nos quadros infecciosos, o exame contribui para diferenciar infecções bacterianas de virais, facilitando a decisão sobre o uso de antimicrobianos e colaborando com protocolos de antibioticoterapia responsável. Em doenças autoimunes, permite acompanhar a atividade inflamatória de maneira objetiva, fornecendo parâmetros úteis para ajustes de imunossupressores. 

Casos oncológicos também se beneficiam do uso do PCR como indicador de inflamação associada ao crescimento tumoral ou infecções secundárias. Em situações pós-operatórias, a variação dos níveis de PCR pode sinalizar complicações precoces, como infecção de ferida ou peritonite. 

A versatilidade do PCR quantitativo também se estende a condições como pancreatite, meningite asséptica, prostatite, colangite, peritonite infecciosa felina (PIF), entre outras. Em todas essas situações, o exame atua como ferramenta de triagem, acompanhamento e avaliação terapêutica. 

Benefícios operacionais para clínicas e distribuidores 

A adoção de testes rápidos de PCR quantitativo no ambiente clínico oferece vantagens operacionais diretas. O tempo de resposta reduzido permite que o diagnóstico seja integrado à consulta, agilizando o início do tratamento e melhorando a experiência do tutor. Isso resulta em maior adesão ao plano terapêutico e aumento da confiança no serviço prestado. 

Do ponto de vista econômico, há ganhos tanto para clínicas quanto para distribuidores. A implementação da testagem no ponto de atendimento reduz a dependência de laboratórios externos, amplia o portfólio de serviços e gera receita adicional por exame realizado. Para distribuidores, o PCR quantitativo representa um produto com alto valor percebido, de aplicação recorrente e que favorece a fidelização do cliente. 

A Celer Biotecnologia oferece sistemas de imunofluorescência compatíveis com a realidade da medicina veterinária brasileira. Equipamentos como o Finecare Vet combinam portabilidade, robustez e interface amigável, com testes validados para PCR, T4, TSH, cortisol, entre outros. 

Qualidade dos resultados e confiabilidade diagnóstica 

A confiabilidade dos testes rápidos depende diretamente da qualidade analítica do equipamento, dos reagentes e da padronização das etapas pré-analíticas. O PCR quantitativo no modelo POCT deve obedecer aos mesmos critérios de precisão dos exames laboratoriais tradicionais, incluindo controle interno de qualidade e validação clínica. 

Fabricantes como a Wondfo realizam estudos de correlação com métodos laboratoriais convencionais, garantindo reprodutibilidade e acurácia dos resultados. Isso é especialmente importante para que os dados gerados possam orientar condutas clínicas com segurança, inclusive em casos críticos ou emergenciais. 

A rastreabilidade dos reagentes e a facilidade na calibração dos equipamentos são pontos que impactam diretamente na confiabilidade dos resultados. Sistemas de imunofluorescência com leitura digital minimizam a interferência humana e oferecem relatórios padronizados, que podem ser integrados ao prontuário clínico do paciente. 

Avanços na medicina felina 

Tradicionalmente, os marcadores inflamatórios são menos consistentes em gatos do que em cães, devido a particularidades da resposta inflamatória felina. No entanto, o avanço das metodologias quantitativas vem possibilitando uma nova abordagem para o diagnóstico em felinos. 

O PCR quantitativo pode ser útil na diferenciação de processos infecciosos, na avaliação de doenças respiratórias crônicas e no suporte ao diagnóstico de PIF. Embora ainda haja necessidade de mais estudos populacionais, os dados já disponíveis indicam que o uso racional do exame, associado à anamnese e aos exames complementares, pode agregar valor significativo à prática clínica felina. 

Sustentabilidade no uso de antibióticos 

O uso racional de antibióticos é uma preocupação crescente na medicina humana e veterinária. O PCR quantitativo auxilia na tomada de decisão quanto à necessidade de iniciar ou manter um tratamento antimicrobiano, evitando o uso indiscriminado e contribuindo para a redução da resistência bacteriana. 

Ao identificar inflamações de origem não bacteriana, o exame evita prescrições desnecessárias. Da mesma forma, ao monitorar a queda dos níveis inflamatórios, pode embasar a decisão de interromper a antibioticoterapia antes do período empírico tradicional. Esse controle refinado melhora o desfecho clínico e reduz os efeitos adversos associados a terapias prolongadas. 

Considerações finais 

A incorporação do PCR quantitativo na rotina veterinária representa uma evolução significativa na medicina diagnóstica de cães e gatos. Trata-se de uma ferramenta precisa, acessível e compatível com as exigências clínicas modernas, que favorece o diagnóstico precoce, o monitoramento terapêutico e a eficiência na tomada de decisões.

Leia também em nosso blog sobre o uso de testes rápidos na avaliação hormonal de pets: avanços e aplicações clínicas.

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