2 de maio de 2025

Interferentes biológicos em testes rápidos: como identificar e corrigir falsos positivos e negativos?

O uso de testes rápidos na prática clínica trouxe impactos positivos ao diagnóstico médico, trazendo agilidade, praticidade e maior acessibilidade. Contudo, a confiabilidade desses testes […]

Interferentes biológicos em testes rápidos

O uso de testes rápidos na prática clínica trouxe impactos positivos ao diagnóstico médico, trazendo agilidade, praticidade e maior acessibilidade. Contudo, a confiabilidade desses testes pode ser comprometida por interferentes biológicos, fenômeno que representa um desafio técnico importante para laboratórios, clínicas, hospitais e profissionais de saúde. Identificar e corrigir essas interferências é essencial para garantir resultados diagnósticos precisos e decisões clínicas seguras. 

O que são interferentes biológicos? 

Interferentes biológicos são substâncias ou condições naturais do organismo que podem alterar o resultado de testes imunocromatográficos ou bioquímicos rápidos.  

Eles influenciam o desempenho analítico dos testes ao: 

– Modificar a reação antígeno-anticorpo, essencial nos ensaios imunológicos; 

– Obstruir a detecção óptica de biomarcadores; 

– Alterar características físicas da amostra, como viscosidade, cor ou transparência. 

Entre os principais interferentes, destacam-se: 

– Hemólise (ruptura de hemácias e liberação de hemoglobina livre). 

– Lipemia (excesso de lipídios na amostra). 

– Icterícia (acúmulo de bilirrubina no sangue). 

– Presença de autoanticorpos (como fator reumatoide). 

– Paraproteinemias. 

– Uso de medicamentos em altas concentrações. 

Esses fatores podem afetar diretamente a reação bioquímica do teste, prejudicando a interação antígeno-anticorpo, alterando propriedades ópticas ou químicas da amostra e, consequentemente, impactando a leitura e a interpretação dos resultados. 

Como interferentes geram falsos positivos e negativos? 

A atuação dos interferentes pode resultar tanto em falsos positivos quanto em falsos negativos: 

Falsos positivos ocorrem, por exemplo, pela reação inespecífica de autoanticorpos com o detector do teste. Isso pode levar a diagnósticos errôneos de infecções, doenças autoimunes ou hormonais. 

Falsos negativos são observados quando substâncias como hemoglobina livre ou lipídios em excesso mascaram a reação de detecção, diminuindo a sensibilidade analítica e levando à não identificação de um marcador realmente presente. 

Esses erros têm impacto clínico direto, podendo resultar em tratamentos desnecessários, atraso terapêutico ou até agravamento do quadro do paciente. 

Identificação dos interferentes na prática 

Para minimizar o risco de erros, é essencial aplicar protocolos rigorosos de inspeção da amostra: 

Hemólise visível: coloração avermelhada do plasma ou soro. 

Lipemia intensa: aparência leitosa da amostra. 

Icterícia: amostra com tonalidade amarelada forte. 

A utilização de controles internos durante o processamento de amostras é outra estratégia indispensável. Além disso, deve-se sempre correlacionar o resultado laboratorial com o quadro clínico e epidemiológico do paciente, evitando decisões baseadas unicamente no teste. 

Estratégias para corrigir e evitar interferências 

Diversas ações podem ser implementadas para reduzir o impacto dos interferentes biológicos:

1. Treinamento contínuo dos profissionais

Garantir a correta coleta, armazenamento e transporte das amostras é fundamental. Coletas traumáticas ou com uso de anticoagulantes inadequados aumentam a incidência de hemólise, por exemplo.

2. Rejeição de amostras inadequadas

Amostras com sinais visíveis de hemólise, lipemia ou icterícia intensa devem ser rejeitadas conforme critérios pré-estabelecidos no manual de procedimentos operacionais.

3. Escolha de kits validados

Optar por testes rápidos validados para múltiplas matrizes (soro, plasma ou sangue total) e que possuam estudos de interferência robustos, conforme normas da CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute).

4. Repetição do teste em métodos diferentes

Quando possível, a repetição utilizando metodologias alternativas (por exemplo, ensaios quantitativos laboratoriais) é uma boa prática para confirmar ou refutar resultados inesperados.

5. Uso de tecnologias de compensação de interferentes

Analisadores modernos já incorporam algoritmos de correção óptica para lipemia, hemólise e icterícia, aumentando a confiabilidade dos resultados em condições desafiadoras. 

A presença de interferentes biológicos nos testes rápidos representa uma ameaça silenciosa à qualidade diagnóstica. Apesar das vantagens inegáveis do POCT na medicina moderna, garantir a precisão dos resultados requer uma abordagem técnica rigorosa, combinando práticas laboratoriais de excelência, validação de testes robusta e constante capacitação da equipe. 

Leia também em nosso blog o artigo Controle de qualidade nos testes de diagnóstico: como garantir precisão e confiança 

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