O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil, e as estatísticas são alarmantes. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o país deve registrar 73.610 novos casos de câncer de mama em 2024, com uma taxa de risco de 66,54 casos para cada 100 mil mulheres. Esse número reforça a necessidade de conscientização e da importância do diagnóstico precoce, uma vez que, quando detectado em estágios iniciais, o câncer de mama apresenta maiores chances de tratamento eficaz e cura, com índices de sucesso que ultrapassa os 80%.
A seguir, exploraremos os dados mais recentes, o impacto dessa doença nas mulheres brasileiras e as principais estratégias para prevenção e detecção precoce.
O cenário do câncer de mama no Brasil
O câncer de mama não é apenas o tipo de câncer mais comum entre as mulheres, mas também é responsável por altas taxas de mortalidade, especialmente nas regiões Sul e Sudeste do país. Em 2024, estima-se que milhares de mulheres enfrentarão esse diagnóstico, destacando a importância de esforços contínuos na prevenção, para que haja diagnóstico precoce e tratamento eficaz.
O Outubro Rosa é um movimento global de conscientização que ocorre todos os anos, e o tema deste ano do INCA — “Mulher: seu corpo, sua vida” — reforça a importância da saúde integral da mulher e o papel crucial do diagnóstico precoce para salvar vidas. A campanha também amplia a discussão para incluir outros tipos de cânceres que afetam mulheres como o câncer do colo do útero, sem perder o foco na prevenção do câncer de mama.
Além disso, o INCA tem promovido eventos como o estudo “Mantus”, que aborda os desafios específicos enfrentados por mulheres negras, um grupo vulnerável que muitas vezes é desproporcionalmente afetado por cânceres mais agressivos, como o câncer de mama triplo-negativo. Esses dados reforçam que, embora o câncer de mama afete todas as mulheres, as desigualdades regionais e socioeconômicas podem influenciar os resultados dos tratamentos.
Prevenção primária e fatores de risco
A prevenção do câncer de mama pode ser dividida em duas abordagens: a prevenção primária e a detecção precoce.
Prevenção primária envolve a adoção de medidas que diminuem o risco de desenvolver a doença. Isso inclui a prática regular de exercícios físicos, manter uma alimentação saudável, evitar o consumo excessivo de álcool e o tabagismo. O excesso de peso também é um fator de risco significativo, principalmente após a menopausa, quando o tecido adiposo se torna uma fonte predominante de estrogênio, que pode estimular o desenvolvimento de células cancerígenas.
Além disso, a amamentação é considerada um fator protetor contra o câncer de mama. Estudos sugerem que quanto mais tempo uma mulher amamenta, menor é o risco de desenvolver a doença, uma vez que a amamentação reduz os níveis de estrogênio circulante no corpo.
Contudo, apesar de todos os fatores de risco conhecidos, a idade e o histórico familiar ainda desempenham um papel crucial. Mulheres com histórico familiar de câncer de mama, especialmente em parentes de primeiro grau, como mães e irmãs, devem ficar ainda mais atentas e considerar a possibilidade de acompanhamento médico especializado, apesar de a maior parte dos cânceres de mama estarem associados ao estilo de vida.
A importância do diagnóstico precoce
Detectar o câncer de mama em estágios iniciais é uma das principais formas de garantir um tratamento mais eficaz e uma melhor qualidade de vida para as pacientes. O diagnóstico precoce consiste em identificar a doença antes que os sintomas se tornem evidentes. Dessa forma, o tumor pode ser tratado quando ainda está em estágios iniciais, o que aumenta consideravelmente as chances de cura.
A mamografia é o exame mais eficaz para detectar o câncer de mama em mulheres de risco padrão, principalmente entre 50 e 69 anos. Esse exame é capaz de identificar nódulos ou outras anomalias na mama antes mesmo que os sintomas apareçam. A recomendação no Brasil, como em muitos outros países, é que mulheres dessa faixa etária realizem uma mamografia a cada dois anos.
Mulheres com risco elevado, como aquelas com histórico familiar significativo ou que possuam mutações genéticas associadas ao câncer de mama, como BRCA1 e BRCA2, devem ter um acompanhamento médico personalizado e mais frequente, com exames e estratégias de rastreamento adequadas a suas necessidades.
Sinais e sintomas do câncer de mama
Embora muitas mulheres diagnosticadas com câncer de mama em estágio inicial não apresentem sintomas visíveis, é importante estar sempre atenta a possíveis sinais que podem indicar o desenvolvimento da doença. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:
- Caroço (nódulo) na mama, geralmente indolor, duro e fixo;
- Alterações na pele da mama, como vermelhidão ou aspecto semelhante a casca de laranja;
- Alterações no bico do peito (mamilo), como retração ou secreção espontânea;
- Nódulos na região das axilas ou no pescoço.
Caso algum desses sinais seja observado, é fundamental procurar imediatamente um profissional de saúde para a realização de exames mais detalhados.
A conscientização e o papel do Outubro Rosa
O Outubro Rosa é uma campanha essencial para aumentar a conscientização sobre o câncer de mama, promovendo a educação sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Durante esse mês, diversas organizações de saúde e instituições públicas e privadas se mobilizam para oferecer informação e incentivar as mulheres a fazerem seus exames preventivos.
A campanha não só visa a reforçar a importância da mamografia, mas também promove uma abordagem mais ampla da saúde da mulher, incluindo temas como o câncer do colo do útero, que também exige atenção e prevenção.
O câncer do colo do útero, por exemplo, é uma das neoplasias mais preveníveis, com a vacinação contra o HPV sendo uma das principais formas de proteção. Essa vacina, disponível pelo SUS, é recomendada para meninas e meninos entre 9 e 14 anos, e para pessoas de grupos de risco até 45 anos. Essa ampliação da conscientização sobre diferentes tipos de câncer fortalece a mensagem de que a prevenção e o cuidado com a saúde devem ser constantes.
Desafios e perspectivas no controle do câncer de mama
O tema do Outubro Rosa de 2024, “Mulher: seu corpo, sua vida”, reflete os desafios e as perspectivas no controle do câncer de mama. A campanha busca abordar as diversas realidades das mulheres brasileiras, incluindo aquelas que enfrentam barreiras socioeconômicas para acessar exames e tratamentos.
A detecção precoce é crucial, mas deve ser acompanhada de um sistema de saúde organizado que garanta o acesso rápido ao tratamento e ao suporte necessário. O SUS (Sistema Único de Saúde) desempenha um papel importante nesse contexto, oferecendo exames como a mamografia gratuitamente e garantindo que todas as mulheres tenham a chance de detectar a doença em seu estágio inicial.
A campanha também busca sensibilizar a população para as dificuldades enfrentadas por mulheres negras, que, muitas vezes, são diagnosticadas com cânceres mais agressivos, como o câncer de mama triplo-negativo. Programas de inclusão e ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento para esses grupos são essenciais para reduzir as disparidades no sistema de saúde.
A prevenção como estratégia
O câncer de mama continua sendo uma das maiores ameaças à saúde das mulheres, mas a conscientização, a prevenção e o diagnóstico precoce podem fazer toda a diferença. O Outubro Rosa de 2024 é mais uma oportunidade para reforçar a importância do cuidado integral com a saúde feminina, promovendo a mamografia, o autoexame e outras formas de detecção precoce.
Com o avanço das tecnologias e o aprimoramento dos sistemas de saúde como o SUS, é possível melhorar as taxas de cura e oferecer um tratamento mais eficaz para todas as mulheres, independentemente de sua condição socioeconômica. A prevenção é o primeiro passo, mas o apoio contínuo e o acesso aos cuidados adequados são essenciais para vencer essa luta.
Leia também em nosso blog o artigo “O Papel do POCT na democratização do acesso à saúde em áreas remotas”.