13 de maio de 2022

Prevenção da Prematuridade: Nutrição e Ômega 3

Os nutrientes são componentes necessários para uma grande variedade de mecanismos intrínsecos em nossos organismo1. Já há muitos anos, o Professor Barker, demonstrou uma possível […]

Os nutrientes são componentes necessários para uma grande variedade de mecanismos intrínsecos em nossos organismo1. Já há muitos anos, o Professor Barker, demonstrou uma possível relação entre o ambiente intrauterino, incluindo a má nutrição materno-fetal, e patologias na gestação e na vida adulta2. Através dos conceitos atualmente conhecidos de epigenética, incluindo o controle regulatório dos microRNAs, sabe-se que fatores externos podem modificar nossa informação genética, promovendo mudanças intrínsecas e causando doenças no futuro3,4.

Em 2015, uma publicação da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), intitulada “Think Nutrition First“, ressaltou a importância da nutrição materna e elevou a conscientização sobre o tema, inserindo maior espaço na mídia, congressos e pesquisas científicas5. Dentro do assunto “nutrição na gravidez”, estão os conceitos de boa alimentação, suplementação ou tratamentos com diversos nutrientes. Os macronutrientes, por representarem a maior parcela de nossa ingesta nutricional diária, merecem um destaque. Eles espelham a realidade do que ingerimos diariamente em nossa rotina, sofrendo grande influência da sociedade moderna, regiões, hábitos e até costumes locais. Eles são necessários em grandes quantidades diárias e são representados pelas proteínas, carboidratos e lipídios. Dentre os diversos tipos de lipídios, encontram-se os ácidos graxos e, entre estes, os ômegas 3, atualmente uma das moléculas mais estudas na medicina6,7,8, particularmente devido a sua relação importante com a redução de prematuridade9. O Brasil é reconhecido por sua baixa ingesta deste importante elemento10 (Figura 1).

Em sua última revisão sistemática sobre ômega-3, a Cochrane 9 trouxe relevante contribuição sobre a importância da ingesta adequada de ômega-3 na gestação, seja em forma de alimentação ou suplementação, na redução de parto prematuro. Nesta meta-análise, foram incluídos 70 ensaios clínicos randomizados, totalizando 19.927 pacientes, comparando grupos com ingesta aumentada de ômega-3 e grupos sem ômega-3 ou placebo. Verificou-se uma redução de 11% no risco para parto abaixo de 37 semanas [RR 0.89, (0.81 – 0.97) e uma redução de 42% no risco de parto abaixo de 34 semanas [RR 0.58, (0.44 – 0.77), ambos com alta qualidade de evidência9.

 

Figura 1: Níveis sanguíneos globais da soma de ácido eicosapentaenóico e ácido docosahexaenóico (DHA). *Os dados de composição de ácidos graxos de lipídios totais plasmáticos, fosfolipídios plasmáticos e sangue total foram atribuídos a faixas categóricas que foram estimadas como equivalentes às categorias de eritrócitos 10.

Diante do grande corpo de evidências disponíveis em favor da utilização do ômega-3 na gestação e lactação, o profissional médico deve estar atento para avaliar a real ingesta de ômega-3 de suas pacientes, alertando para ingesta de 2 a 3 porções de pescados por semana.  Além disso, deve estar atento para orientar a respeito de possíveis pescados não enriquecidos com ômega-3, bem como ao risco da ingesta de peixes de águas profundas ou de locais onde possa existir risco aumentado de contaminação por metais pesados. Em situações em que não é possível realizar o aporte suficiente de DHA, os profissionais assistentes deverão lançar mão da suplementação de DHA.

Soluções em Diagnóstico

A linha Saúde Feminina da Celer tem dois exames que detectam com precisão fatores de risco para o parto prematuro. O primeiro deles é o Amnioquick, que mede os níveis de IGFBP-1 (fluido amniótico) na amostragem vaginal, algo nem sempre perceptível durante o exame físico da gestante. Esse biomarcador sinaliza para a ruptura das membranas fetais e deve ser usado a partir do final do primeiro trimestre de gravidez.

Outro produto da mesma linha é o Premaquick, teste rápido preditivo de parto prematuro que combina os biomarcadores IGFBP-1 Natural, que mostra a ativação do miométrio; IGFBP-1 Total, que demonstra o estado de maturidade do colo do útero; e Interleucina 6, que detecta a presença de inflamação, para um diagnóstico do parto prematuro.

Referências Utilizadas

  1. Best KP, Gomersall J, Makrides M. Prenatal Nutritional Strategies to Reduce the Risk of Preterm Birth. Ann Nutr Metab. 2020;76:31–9.
  2. Barker DJ, Osmond C. Infant mortality, childhood nutrition, and ischaemic heart disease in England and Wales. Lancet (London, England). 1986;1:1077–81.
  3. Fernandez-Twinn DS, Hjort L, Novakovic B, Ozanne SE, Saffery R. Intrauterine programming of obesity and type 2 diabetes. Diabetologia. 2019;62:1789–801.
  4. Casas-Agustench P, Iglesias-Gutiérrez E, Dávalos A. Mother’s nutritional miRNA legacy: Nutrition during pregnancy and its possible implications to develop cardiometabolic disease in later life. Pharmacol Res. 2015;100:322–34.
  5. Hanson MA, Bardsley A, De-Regil LM, Moore SE, Oken E, Poston L, et al. The International Federation of Gynecology and Obstetrics (FIGO) recommendations on adolescent, preconception, and maternal nutrition: “Think Nutrition First”. Int J Gynaecol Obstet. 2015;131 Suppl:S213-53.
  6. Devarshi PP, Grant RW, Ikonte CJ, Hazels Mitmesser S. Maternal Omega-3 Nutrition, Placental Transfer and Fetal Brain Development in Gestational Diabetes and Preeclampsia. 2019;
  7. Korkes HA, Sass N, Moron AF, Câmara NOS, Bonetti T, Cerdeira AS, et al. Lipidomic assessment of plasma and placenta of women with early-onset preeclampsia. PLoS One. 2014;9.
  8. Gross RW, Han X. Lipidomics at the interface of structure and function in systems biology. Chem Biol [Internet]. 2011;18:284–91. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21439472
  9. Middleton P, Gomersall JC, Gould JF, Shepherd E, Olsen SF, Makrides M. Omega-3 fatty acid addition during pregnancy. Cochrane database Syst Rev. 2018;11:CD003402.
  10. Stark KD, Van Elswyk ME, Higgins MR, Weatherford CA, Salem N. Global survey of the omega-3 fatty acids, docosahexaenoic acid and eicosapentaenoic acid in the blood stream of healthy adults. Prog Lipid Res [Internet]. 2016;63:132–52. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.plipres.2016.05.001

 

 

 

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